Jardim do Éden
Jardim do Éden, 2025
7 desenhos feitos com grafite e caneta em gel sobre papel emoldurados com rede galvanizada de aço
36 x 16 cm (cada desenho)
38 x 18 cm (cada desenho emoldurado)
72 x 112 cm (área ocupada pelo políptico na parede)
Fotografias de Julia Thompson e Letícia Yamamura
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O trabalho Jardim do Éden é composto por sete desenhos de flores com propriedades afrodisíacas ou peçonhentas, realizados em grafite sobre papel e emoldurados por estruturas de rede laminada galvanizada — material cortante e perfurante, comumente utilizado como barreira de proteção. Aqui, essa rede delimita imagens do desejo, instaurando um embate entre o erótico e o perigoso.
As flores escolhidas partem de uma ambiguidade latente: tradicionalmente associadas à beleza, à graça e à sensualidade, também carregam em si o risco, o veneno e a morte. Para além de sua dimensão estética ou simbólica, a flor também se torna metáfora de dissidência: no vocabulário cotidiano, especialmente em contextos de violência simbólica, termos como “flor” ou “florzinha” são frequentemente usados de forma pejorativa contra meninos gays — reforçando a ideia da feminilidade como algo menor, frágil ou indesejável.
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Entre o prazer de existir e os riscos de ser quem se é, o trabalho Jardim do Éden propõe uma costura sensível das violências simbólicas que atravessam corpos dissidentes pertencentes à comunidade LGBTQIA+. Nesse cenário, desejar é também se arriscar — e, ainda assim, é nesse risco que habita a possibilidade de desabrochar. Vingar, aqui, não apenas no sentido de revanche ou retaliação, mas como ato de tornar-se fértil em plena autenticidade e veracidade.