Colcha de Babados
Colcha de Babados, 2025
54 recortes feitos em papel arroz japonês kozo e bordados com linha de algodão fixados pelas extremidades com cola líquida de pH neutro; cama do artista, quatro travesseiros, mesa de cabeceira e tapete
180 x 270 cm (tamanho da colcha)
190 x 239 x 70 cm (área total do trabalho)
Fotografias de Julia Thompson e Letícia Yamamura
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Colcha de Babados é composta por 54 recortes de papel japonês do tipo Thai Unryu, bordados manualmente com linha de algodão e fixados nas extremidades com cola de pH neutro, formando uma única colcha que é exposta sobre a cama do artista. As imagens bordadas remetem a lembranças de infância, à construção da identidade e às marcas afetivas do passado.
A cama — território de intimidade, onde o corpo repousa, adoece, convalesce, goza e sonha — torna-se aqui suporte de um corpo fragmentado por experiências escolares traumáticas. Se o sono é normalmente um território de sonho, nesta obra ele se enreda em pesadelos: as imagens bordadas sobre o papel delicado expõem o atrito entre suavidade e dor, entre proteção e vulnerabilidade.
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Assim como no trabalho intitulado Babado, cujo nome serve de referência direta para esta obra, o título opera uma polissemia que entrelaça sentidos distintos: o babado como ornamento delicado (renda, enfeite), como secreção do corpo (salivar, desejar), e como gíria queer (escândalo, fofoca), tensionando delicadeza e repressão, emoção e transgressão.
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