Corpo-Lousa
Corpo-Lousa, 2025
Mistura de gesso e água sobre área demarcada pelas duas lousas escolares da sala 1102 no prédio 1 da FAAP
120 x 275 cm (cada lousa)
Fotografias de Julia Thompson
Corpo-lousa retoma procedimentos da obra Corpo, apresentada em 2023 na 53ª Anual de Arte da FAAP, em que textos e desenhos retirados de diários de infância foram esculpidos diretamente sobre a parede com uma mistura de gesso, água e cola. Se naquela ocasião a parede se convertia em pele simbólica — corpo ferido, marcado e silenciado —, nesta nova versão os relevos são esculpidos nos locais exatos onde se encontram as antigas lousas escolares da sala expositiva, evocando uma certa fantasmagoria dos ambientes escolares percorridos.
O gesto, portanto, intensifica a dimensão pedagógica e institucional do trauma, transformando a superfície da educação — o quadro-negro — em corpo, apropriando-se da arquitetura do espaço. Assim como na obra anterior, a monocromia entre o gesso e a parede branca evidencia apagamentos, negligências e violências simbólicas que, embora silenciadas, permanecem inscritas como cicatrizes visíveis e indeléveis.